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Mostrando postagens de agosto, 2011

OSSOS DO OFÍCIO

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Salve gente boa do Samba! Gostaria de falar um pouco sobre minha experiência com as Escolas de Samba e no que compete a mim, ao ofício de compositor.  Minha estréia no carnaval paulistano foi no ano de 1975 – quando compus um samba enredo para a Barroca Zona Sul do lendário Pé Rachado – Para um jovem aprendiz, foi uma oportunidade única para exercitar a veia artística. O cenário das Escolas naqueles tempos não se parece nada com o que podemos observar hoje. As escolas em sua grande maioria, não possuíam quadras de ensaios e resolviam o problema em espaços provisórios alugados, emprestados ou nas ruas, com todo tipo de contrariedades que o fato acarretava como queixas de “vizinhos” e até proibições executadas pela polícia. Não era fácil. Um compositor dessa época quando criava seu samba enredo corria cantar nos ensaios, nos bares ao redor e ia colhendo seus simpatizantes no gogó, pois microfone era luxo! Quase sempre o povo da Escola avaliava antecipadamente o samba que iria pa

RESGATE

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Outrora, com a força que o Rádio possuía na difusão da música popular brasileira o público podia distinguir os intérpretes dos autores nas composições que eram executadas. Programas especiais eram produzidos com a obra dos autores que adquiriam reconhecimento e respeito com a exposição do seu trabalho. A programação das principais emissoras era geralmente de música nacional e os locutores ao término da execução da música citavam alem do nome do intérprete, também o nome dos autores. Nada mais justo. Com a implantação comercial gradativa das FMs a música nacional foi sumindo da programação diária e foi sendo substituída pelo pop internacional numa proporção prejudicial para os autores nacionais. Claro que isso tinha a ver com a imposição comercial da indústria do disco. O radio cada vez “dizia”menos e “falava” mais conversa fiada. Alguma coisa foi preservada, no entanto insuficiente para enfrentar a massificação que se impunha criando gerações de "analfabetos&q

SAMBA DE RAIZ

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Salve gente boa do Samba! Certo dia colaborei com um trabalho de estudantes de jornalismo cujo tema era “samba de raiz”. Um tema abrangente com mais de um século de história foi necessário ser o mais sintético possível mas a resposta foi dada e agora compartilho com os caros leitores. O samba  tem ancestralidade africana. Um dia cruzou o mar nos navios  tumbeiros e desembarcou nas senzalas,  alojou-se nos morros e favelas depois “ganhou” o asfalto das cidades. São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro são estados onde o samba ocorre mais vigorosamente. Várias outras localidades     preservam o gênero ora mais rural ora mais urbano apenas não repercute nos meios de comunicação de massa. Nesses escabrosos caminhos o samba segue conservando sua identidade. Dinâmico, ele é a soma da polirritmia dos batuques com a riqueza da língua portuguesa. Resiste contra falsificações, vulgarizações e a concorrência massiva de outros cânticos. Tradicionalista em atitudes e valores, porém aberto a inovaçõ

A ERA DA WEB RÁDIO

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   Salve gente boa do Samba! Esta coluna, se Deus quiser, apresentará histórias reais, registros, resgate de memórias e valorização de sambistas de São Paulo. Sou nascido e criado na capital paulista e pelo menos nos últimos quarenta anos vivenciei o universo do Samba e acompanho par e passo as dificuldades e também os esforços dos defensores da nossa cultura popular. O movimento sambístico ciclicamente mostra avanços, seja na renovação da sua produção, na multiplicação de adeptos e na abrangência da ocupação do espaço artístico. Penso que vivemos um bom momento apesar da indiferença da grande mídia, do pouco incentivo dos agentes culturais do Estado, da mudança da forma de se comercializar música etc. E esse bom momento pode ser notado no aumento da produção de música gravada. Finalmente o acesso a estúdios por parte dos artistas marginalizados é uma realidade e a inclusão na Internet - desse novo bloco de sambistas - que a alguns anos vem fazendo a resistência em defesa da