SINAL FECHADO
Parei no sinal vermelho. Um sol de rachar a catedral. Aproveitei para tomar um gole de água mineral morna, enquanto teclo o dial do rádio. Aumento o volume e deixo uma música reverberando no para-brisa do carro. Remonta aos anos 70 dos Festivais da Record. É “Sinal Fechado” do Paulinho da Viola – “Olá, como vai?/ Eu vou indo e você, tudo bem?/ Tudo bem eu vou indo correndo, pegar meu lugar no futuro...”. Mais de 40 anos depois posso constatar: a situação se alterou de tal modo que aquela vida apressada deu lugar à vida ralentada. Quem andava a cem hoje só anda a dez! Temos pressa para tudo; para dormir se conseguir, comprar, comer, para ir e vir. Passeios e lazer somente com uma boa dose de aborrecimentos. Nas palavras do saudoso escritor Millôr Fernandes – O tempo não existe. Só existe o passar do tempo. Poderei estar retido no saguão do aeroporto em mais um voo cancel