O SAMBA NA BALIZA DE OSMAR.
Por sua iniciativa, a Barroca consegue integrar os japoneses ao samba mulato de São Paulo ao desenvolver um enredo mostrando os 75 anos da imigração japonesa no Brasil. Em 1982, atende chamado do sambista Geraldo Filme, participa de eleição e assume a presidência da União das Escolas de Samba Paulistanas (Uesp) Sua atuação é fundamental para o desenvolvimento das escolas de samba da cidade,pois pela primeira vez alguém une todas as agremiações em uma mesma entidade.
A frente da Uesp durante dois anos, Osmar também se destaca como líder comunitário. Advogado, palavra fácil, impressiona as autoridades governamentais ao defender os interesses do samba e a maior participação da comunidade negra nos destinos do País. Com sua experiência de administrador (por alguns anos foi diretor de instituição de ensino), ele fixa a Uesp como única entidade representativa dos sambistas de São Paulo. Magoado com a reação de alguns sambistas descontentes com os resultados dos desfiles carnavalescos, Osmar se retira da Uesp em 1984, sem concorrer à reeleição, para se dedicar exclusivamente às atividades profissionais. Esse afastamento dura pouco tempo.
A batida do samba é mais forte e ainda neste ano, ajuda a consolidar a Federação das Escolas de Samba e Entidades Carnavalescas do Estado de São Paulo (Fesec), sendo eleito presidente, cargo que ocupou em sucessivas reeleições. Na Fesec, juntamente com dezenas de abnegados colaboradores, Osmar encontra mais um espaço para contribuir com o desenvolvimento do samba. Dá forma e estrutura ao desfile carnavalesco das principais cidades do interior paulista e escreve o livro:- "O Samba em Evolução".
A publicação acaba sendo o embrião do primeiro curso realizado no Brasil para formação de jurados especializados em desfile de escolas de samba. Com justo orgulho, Osmar vê o Rio de Janeiro, que reconhecidamente tem o melhor desfile de escolas de samba, instituir um curso de jurados, aos moldes daquele que criou para a Fesec. Hoje, os critérios de julgamento propostos por Osmar em seu livro estão incorporados a regulamentos de desfiles de escolas de samba ou servem de base para análise e instrução de jurados. Osmar Cesar de Carvalho não ensinou todos os passos do samba, nem era esta sua intenção. Mas deixou sua semente. Ela floresce entre os sambistas que frequentam a quadra da Barroca Zona Sul - naquele que foi seu último desfile, em fevereiro de 1992, no Sambódromo Paulistano, do qual foi ardoroso defensor, deu lição de humildade ao comandar a ala das baianas da escola - e em todas as rodas de samba do Estado de São Paulo, onde seu nome é reverenciado com respeito. Entre todas as honrarias que foi merecedor, Osmar tinha carinho especial por uma, entregue pela escola de samba Mocidade Alegre, em meados dos anos 80: o diploma "Sambista Imortal", por seus relevantes serviços prestados ao carnaval paulista.
Pesquisa: Dorinho Marques
Texto: David Neto
Boa lembrança
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