IMPÉRIO - "O Grande Baque"


SILVAL ROSA



BATERIA - mestre Pantha
Em 1992 a convite do mestre Pantha - diretor de bateria da Império do Cambuci - eu e meu parceiro Márcio Madrugada fizemos um samba enredo "Lua dos Mil Encantos" para a tradicional escola. Depois, retornamos em 1994 - "A Coroação do Rei Bidu" - Assim quando fui ver já fazia parte da escola liderada pelo  grande baluarte  Silval Rosa  que  ainda lutava para manter viva sua agremiação.   


"Histórias da Vovó" foi o enredo de 1995 que fiz junto com Gabriel Mendes o principal colaborador da entidade. Ainda viria mais uma feliz parceria em 1996 "Caiu na Rede é Samba" (Dorinho/Ideval/Zé Maria). Nesse período a escola já estava participando do grupo de acesso graças ao trabalho de toda a comunidade mas principalmente da diretoria que Silval Rosa agregava. Faziam parte além do presidente: Gabriel Mendes, David Neto, João Barbosa o "Batucada", Junior, Luciano, Edson Pantha, seu Hermano e outros mais. Foi uma década importante para a escola que a partir de 1997 sonhava que voltaria a pertencer à elite do carnaval paulistano.


Dora e Moreno
1997 - A Império do Cambuci desfilou nesse ano com o enredo "Império na Cidade das Artes" autoria de Gabriel Mendes. Fotografamos a cidade de Embu para a montagem de carnaval. Resultado: um grande desfile da escola e um excelente 2º lugar. O samba foi de autoria de João Borba e Chicão - Fantasias do Mestre Batucada".
A Império era uma escola tradicional porém como tantas dependia basicamente do trabalho e do empenho de alguns abnegados. Se alguém desiste e afasta-se, se outro adoece ou morre a escola sofre o golpe e foi o que aconteceu na história da agremiação. Gabriel Mendes foi a primeira baixa importante, depois David e por fim o próprio presidente Silval Rosa. Hoje a escola está inativa, foi um grande baque para os sambistas verdadeiros. Oxalá um dia, ela ressurgirá das cinzas, pois a sua história, de cerca de 40 anos, está escrita no asfalto da capital paulista e permanecerá na lembrança dos bons sambistas da cidade.
                    1998 - Após o excelente desfile sobre o Embú, ficou definido que Raquel Trindade seria a responsável pelo enredo do próximo carnaval. Assim foi feito e aquele seria o mais importante  desfile da Imperio. Na ilusão de carnaval... Acabou sendo esta a minha última participação na escola. Foi também a despedida de grandes amigos.

Raquel Trindade
 “Império Volta às Origens”  “Império padá si ilú re” de autoria da folclorista, bailarina e diretora de teatro, Raquel Trindade,a Kambinda, filha de Solano Trindade. Esse tema realiza uma “viagem” em busca de fragmentos da memória dos negros africanos arrancados de sua terra natal pelo capitalismo comercial e pelo movimento de expansão colonial. 
Esse trabalho contou com a valiosa colaboração do sambista, escritor e pesquisador Ciro Nascimento, que escreveu uma espécie de ensaio literário. Aqui um pequeno trecho do texto:

A BUSCA DA IDENTIDADE AFRO-BRASILEIRA.
"Trazidos da África como escravos no período compreendido entre a segunda metade do século XVI e o ano de 1850 (data da extinção do tráfico negreiro), os negros perderam a sua origem. Ficaram sem antepassados, nomes ou bens próprios. Enquanto cativos no Brasil, lutaram pela sobrevivência e reinventaram sua própria existência, ao conseguir manter através da tradição oral, mesmo que parcialmente, as culturas, usos, costumes, tradições e conhecimentos ancestrais. Destaco aqui três grandes grupos culturais de negros transferidos para o Brasil: bantos, guineanos e sudaneses. Cada um abrangia populações de diferentes raças, clãs, tribos, nações e culturas que, por sua vez, tendiam a produzir uma grande variação de ramos do tronco cultural original". Ciro finalizava assim:"Que este enredo sirva de ponto de partida para que o gigantesco Baobá do conhecimento do teu passado e/ou passado dos teus irmãos desabroche em você e cresça sempre".

Gravando! Estúdio Bertolini



IMPÉRIO DE VOLTA ÀS ORIGENS

Autor: Dorinho Marques
Intérprete: Zé Maria

Sou Império Ylê de bamba
De volta à origem africana
Através da arte
Meu estandarte se engalana

O Legado ancestral
Influência cultural
Banto, guineana e sudanesa
Razão...De vários brasís
Preservo na raiz
Propago sua força e riqueza.

Cruzei o mar pra desvendar
Beleza e magia 
Que o tempo não apagou
Meu povo, raça e etnia
Mito e filosofia
Hoje digo quem eu sou

Sou negro, sou afro brasileiro
Me garanto no terreiro
Peço axé aos orixás
Não deixo a consciência no escuro
O presente, meu futuro,
No passado vou buscar
"Magara", fonte de energia
Vim de outra civilização!
Com muito trabalho e sabedoria
Construí esta nação

Quem gosta de mim sou eu...
Amar é fundamental!
Corre samba em minhas veias,
Corpo livre balanceia neste carnaval 




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