DESAFIO


Salve gente boa do Samba! Se pensarmos na mudança ocorrida nos últimos tempos na cena cultural paulistana, podemos constatar um saldo a favor do nosso Samba. É notório o aumento de participação dos sambistas nos espaços musicais. Aos poucos, avança uma proposta mais consistente e consciente baseada na verdadeira tradição da cultura popular.Creio que isso é resultado de uma combinação de fatores. Primeiro; o surgimento das comunidades de Samba, foco de resistência independente que procurou preservar o essencial do nosso Samba dando voz a uma corrente de novos compositores que era um contraponto ao rotulado “pagode” comercial que de certo modo, foi um híbrido do bem sucedido samba carioca do Fundo de Quintal, do Almir Guineto, do Zeca Pagodinho entre tantos que teve na voz da Beth Carvalho sua maior divulgadora.O mercado,sempre,farejou lucratividade na pasteurização e absorveu aquela leva de “pagodeiros” criando uma geração de sambistas pop, que produziam um “samba” descaracterizado, com temas banais, sem poética para atender a um consumismo imediato.  Para o bem do nosso Samba verdadeiro esses grupos perderam espaço. A maioria deles vivia única e exclusivamente do suporte emprestado pela estrutura das gravadoras que debandaram depois de sugar até o bagaço, sem antes causarem um belo estrago. Em segundo lugar, creio que com as facilidades proporcionadas pela cultura digital, cada vez mais os compositores conseguem gravar suas músicas sem o crivo castrador de um pseudo mercado imposto pelas grandes gravadoras. As que restaram e ainda estão em atividade, dedicam-se quase que exclusivamente ao mercado pop segmentado e continuam abocanhando a maior fatia do bolo da mídia. Os independentes seguem na trilha marginal sem poder estrutural para quebrar esse monopólio. Mas para quem até pouco tempo nem acesso à gravação tinha, já temos alguns sinais de uma promissora mudança.Por fim, deve-se salientar que o aprendizado de todo artista sofre influências e em muitos casos “segura” alguns na reprodução dessas influências. Aí então a criatividade deve ser valorizada, priorizada, a inspiração será sempre o maior “dom” do compositor. E o público é o fiel da balança. Mas é preciso cada vez mais fazer com que a produção emergente dos novos redutos chegue aos ouvidos do povo. Não podemos falar de mercado quando nos referimos aos independentes.A competição com o que já está estabelecido é desigual e já se formou um círculo vicioso. Bem esse é o desafio: dar uma direção, imprimir um ritmo forte exigindo nosso direito a arte, educação, etc. Até a próxima!!!                                                            
                                                                                 Dorinho Marques                      
                                                                                   Setembro/2011
                                                                     dorinhomarques@yahoo.com.br

                                                                     

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