DIA NACIONAL DO SAMBA

Oficialmente, o Dia Nacional do Samba é comemorado no dia 2 de dezembro. A data surgiu nos anos 1940 por iniciativa do vereador baiano Luis Monteiro da Costa, em homenagem a Ary Barroso. A data foi escolhida, pois foi nesse dia que o compositor mineiro visitou Salvador pela primeira vez. A partir de então, a festa foi se espalhando pelo Brasil, virando uma comemoração nacional.

Para os sambistas de fato todo dia é dia de Samba!

Sambamos quando estamos felizes ou tristes, com dinheiro (melhor) sem dinheiro (pior). Quando nasce mais um filho de sambista o batismo será com muito samba. Geraldo Filme cantou: “Na hora em que eu nasci mamãe me jogou na pista – se cair deitado é padre, caiu de pé é sambista”. Num casamento o enlace dos pombinhos tem que ter festa com muito samba. Nenhum evento ou motivo deveria passar sem o “auxilio luxuoso de um pandeiro”. (Luis Melodia). A nossa grande festa profana – o carnaval – é uma espécie de catarse onde o Samba é a panaceia geral. Até mesmo um ato solene ou um funeral o Samba comparece – Noel Rosa pediu: “Quando eu morrer não quero choro nem vela”.Em atos públicos reivindicatórios – passeata política, religiosa – com samba a possibilidade de êxito será o mesmo que sem, entretanto o stress será bem menor. Quanto maior a gravidade do tema em questão melhor a intervenção do samba como um santo remédio. Graças aos caretas e os mal intencionados a expressão “tudo acaba em samba” a maior parte das vezes está colocada ironicamente tentando desqualificar o movimento sambístico. Criticam e julgam a manifestação de sambistas pejorativamente como bandos de desordeiros e às vezes, querem que as “autoridades”, censurem e proíbam os eventos. O dilema é que isso é resultado do preconceito enraizado contra uma cultura genuína do nosso povo. Na verdade como se trata de uma expressão libertária, incomoda aqueles que querem exercer controle, manipular e oprimir.

Dia nacional do Samba, uma data, assim como outras tantas no calendário, mas que ainda nem de longe representa a importância do Samba, que ainda não trás o significado devido ao nosso patrimônio cultural.  Para um sambista nato, atuante, não tem tempo ruim, não tem impedimento. O sambista estará sempre buscando dar um jeito na situação. Mesmo solitário às vezes lá vai o malandro, caminhando madrugada adentro, procurando um canto novo, um lugar melhor para se viver, e talvez uma roda de amigos para celebrar a vida que é o bem maior.São Paulo hoje reúne um grande número de sambistas atuantes vindos dos velhos redutos tradicionais e dos novos quilombos da periferia. O momento é bom para a expansão do nosso Samba! É oportuna toda e qualquer celebração para marcar território. Não devemos esquecer que para os novos sambistas fundamentados que estão surgindo tem a contra partida do pop de consumo imediato que os “artistas” e produtores impõem na praça com a força da grana com um produto apresentado em bela embalagem para esconder o péssimo conteúdo, e que infelizmente, é notoriamente mais prestigiada por um público cada vez menos exigente. Na verdade frutos de anos de estagnação cultural. Mas nós os sambistas não estamos sós. Há uma grande corrente dos descontentes que avança em direção de uma cultura mais verdadeira, mais sincera, mais democrática por certo, tentando se livrar dos vícios e armadilhas do mercado. O dia nacional do samba na Pauliceia ficará marcado por vários eventos com os sambistas mostrando sua força e desejo de mudanças nesse cenário desigual. Salve o Samba! Até breve.      
                                                                                             Dorinho Marques

                                                                                             Dezembro/2011
                                                                               dorinhomarques@yahoo.com.br