MIGUEL FASANELLI
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Miguel Fasanelli (1932-2009).
Estaria hoje com 86 anos. Dedicou sua vida à Contemporânea, fábrica e comércio
de instrumentos musicais que iniciou suas atividades em meados do século XX
como uma pequena oficina de consertos de instrumentos de sopro. Pessoa sincera,
gentil e simpática, conquistou muitas amizades ao longo da vida. Duas grandes
paixões: música e futebol. Gostava de ópera, choro e samba e como bom
descendente de italianos, torcia pelo Palmeiras. Por conta do seu carisma a “loja
do Miguel” tornou-se ponto obrigatório de vários músicos e artistas famosos. A loja da Contemporânea cravada no
bairro da Luz na Rua General Osório, tornou-se referência de qualidade em instrumentos
de percussão, no Brasil e no exterior. Por incentivo do seu Miguel a loja mantém há anos sob o comando de Arnaldinho do Cavaco a sala Evandro do Bandolim que reúne todos os sábados a nata do choro paulista.
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| Sala Evandro do Bandolim |
Na ocasião do jubileu de ouro, escrevi esta pequena homenagem.
JUBILEU DE OURO (Dorinho Marques)
Sábado tem, tem chorinho lá na Contemporânea
Arnaldinho arma o time do choro todo fim de semana
Sábado tem roda de samba lá na Contemporânea
Amizade tem encontro marcado, muita gente bacana.
Jubileu de ouro, cinquenta anos de estrada
Uma equipe afinada da marca pioneira
Miguel saindo pro abraço, Serginho dando novo compasso
Roberto exportando instrumentos de primeira
Choro, axé, samba, reggae, swing, forró, jazz ou rock
Tocando com você a música popular brasileira.
Uma das gravações que o Miguel gostava muito!
Miguel também foi um forte aliado
das Escolas de Samba desde o início da organização dos desfiles na cidade. Além
de consertar e reformar também fabricava instrumentos de percussão com esmero artesanal. Ouvia as dicas e solicitações dos sambistas e trazia as inovações desejadas.
Corria o ano de 1974. Conheci o seu Miguel num dia em que estava junto com a turma da Barroca Zona Sul recém-fundada pelo grande Pé Rachado e que tinha à frente da bateria seu filho, o mestre Binha. Eles já eram velhos conhecidos do Miguel desde os tempos do cordão Vai Vai. Naquele ano eu fiz meu primeiro samba enredo para o carnaval de 1975 e a partir daí passei a frequentar a loja do novo amigo. No começo da década de sessenta ainda persistiam os Cordões que depois dariam lugar às escolas de samba paulistanas e todas com pouco ou nenhum recurso procuravam apoio junto aos comerciantes da cidade, passando o famoso "livro de ouro”. O seu Miguel ajudava como podia, prestando serviços ou fornecendo instrumentos. Vendia a prazo e a dívida era arrolada e mesmo assim o crédito mantido, a não ser em casos de grave calote. Assim era com o seu Chiclé da Vai Vai, Seu Nenê da Vila Matilde, Juarez da Mocidade Alegre, Laerte da Imperador do Ipiranga, Silval da Império do Cambuci seu Horácio da Acadêmicos do Tucuruvi seu Inocêncio do Camisa e outros mais. Durante certo período um espaço da Rosas de Ouro do seu Basílio, até serviu de fábrica de instrumentos da Contemporânea.
Corria o ano de 1974. Conheci o seu Miguel num dia em que estava junto com a turma da Barroca Zona Sul recém-fundada pelo grande Pé Rachado e que tinha à frente da bateria seu filho, o mestre Binha. Eles já eram velhos conhecidos do Miguel desde os tempos do cordão Vai Vai. Naquele ano eu fiz meu primeiro samba enredo para o carnaval de 1975 e a partir daí passei a frequentar a loja do novo amigo. No começo da década de sessenta ainda persistiam os Cordões que depois dariam lugar às escolas de samba paulistanas e todas com pouco ou nenhum recurso procuravam apoio junto aos comerciantes da cidade, passando o famoso "livro de ouro”. O seu Miguel ajudava como podia, prestando serviços ou fornecendo instrumentos. Vendia a prazo e a dívida era arrolada e mesmo assim o crédito mantido, a não ser em casos de grave calote. Assim era com o seu Chiclé da Vai Vai, Seu Nenê da Vila Matilde, Juarez da Mocidade Alegre, Laerte da Imperador do Ipiranga, Silval da Império do Cambuci seu Horácio da Acadêmicos do Tucuruvi seu Inocêncio do Camisa e outros mais. Durante certo período um espaço da Rosas de Ouro do seu Basílio, até serviu de fábrica de instrumentos da Contemporânea.
A contribuição do Miguel para o carnaval foi comprovada em depoimentos de diretores e presidentes das escolas que por vezes retiravam instrumentos para suas baterias em consignação, carta de crédito ou o velho “pendura”. Eu testemunhei um fato com a escola de samba Barroca que no seu ano de estreia desfilou no bairro da Lapa. - Os instrumentos haviam sido levados por um pequeno caminhão e após o desfile num descuido do responsável, algum “espírito sem luz” danificou todos os surdos queimando e furando os couros... Escola de samba naquele tempo era sinônimo de dificuldade... E lá foi o mestre Binha pedir socorro ao seu Miguel, pois a escola ainda tinha compromissos naquele carnaval. Claro o Miguel sempre dava um jeito! Bem essa é apenas uma das muitas histórias vividas pelo nosso camarada Miguel! Até breve.
Dorinho MarquesSão Paulo, 21/12/2012
dorinhomarques@yahoo.com.br
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