ABRE ALAS PARA A CIDADANIA
Cidadania é o exercício dos direitos
e deveres civis, políticos e sociais estabelecidos na constituição. Os
direitos e deveres de um cidadão devem andar sempre juntos, uma vez que ao
cumprirmos nossas obrigações permitimos que o outro exerça também seus
direitos.
Rufem os tambores, salve a República do
Brasil!
Apesar dos
pesares sempre há o que comemorar. Lutar pela cidadania é fazer o bom combate.
Direitos e obrigações colocados em prática são frutos de uma educação saudável.
A arte faz parte dessa educação. Se ela não chega ao cidadão pelas vias do
estado o povo se incumbe de produzi-la e distribuí-la no mercado. Para isso
rege a Constituição da Republica Federativa do Brasil que foi promulgada em 5
de outubro de 1988. Nela tomamos consciência dos deveres e obrigações do
cidadão. Entre os deveres destaco: educar e proteger seus semelhantes, que é
onde incluo também o ofício do artista. E entre os direitos abraço o meu
direito de ser livre para escrever e dizer o que penso e assinar em baixo.
Música popular é porta voz nas reivindicações do corpo e do espírito público.
No fim do século XIX, o maxixe integrou os negros e mestiços na esfera urbana.
Com o canto orfeônico foi obediente ao Estado Novo nos anos 1930. Durante a
ditadura militar nos anos 1960 e 70 foi bandeira de luta libertária e
propositora de uma nova estética.
O povo desta
cidade merece diversão e arte, o seu ritmo frenético de trabalho ininterrupto
há muito atingiu o estado de saturação. Não há mais espaço a não ser para o
alto. O som que se ouve é de ruídos metálicos e barulhos ensurdecedores. Uma
intervenção artística de música ao vivo é quase um oásis sonoro, para o
indivíduo sair um pouco da correria do dia. Nas ruas, nas praças eventos
permanentes deveriam ser fomentados para que os cidadãos isolados que dividem o
mesmo espaço possam se reagrupar cordialmente.
Dia desses,
passando pela Praça da República, no centro da cidade, me aproximei do antigo
cartão postal e constatei uma forma de decadência urbana, um desleixo mesmo. Os
balaústres do coreto cobertos por “bandeiras desbotadas e inglórias” de
moradores de rua. Nenhuma bandinha tocando, nem seresteiros, nem chorões, nem
mesmo um político a discursar. Me deu vontade de gritar: - Não bagunce assim o
nosso coreto! É necessário recuperar a autoestima do paulistano e dar início de
modo emergencial a reconstrução do espaço público na sua mais nobre
possibilidade. A música já cumpriu um papel decisivo em inúmeras comunidades
brasileiras, por exemplo: no renascimento do Candeal, em Salvador, à entrada
definitiva de Recife na cena pop internacional.
A Música Popular Brasileira agora tem um dia
oficial no calendário brasileiro. A data de 17 de outubro foi oficializada
como dia nacional da MPB. A escolha é uma homenagem ao nascimento de Chiquinha
Gonzaga, pianista considerada por muitos estudiosos como a primeira compositora
popular do Brasil. Então evocamos um canto urgente para nós os paulistanos que
desejamos uma cidade mais leve e mais humana. “Ô Abre alas que eu quero
passar”.
Dorinho Marques
Novembro
dorinhomarques@yahoo.com.br
Matéria publicada em primeira mão no periódico A Voz do Brás
Ano 1 - Edição nº5 Novembro de 2013 - facebook.com/avozdobras
T @AVozdoBras
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