Uma vez sambista, sempre sambista! E numerosas são as histórias de um sambista verdadeiro. Quem vive a arte do samba embeleza a vida, por isso as lembranças neste blog tem a intenção de homenagear pessoas e celebrar seus feitos em prol da cultura do nosso povo. Salve o samba e suas vertentes! MultiSamba!
TUDO MUITO JUNTO E MISTURADO
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A
identidade cultural do povo brasileiro tem um caráter complexo e antropofágico.
Influenciada por questões sobre: idioma, religião, etnia, orientação sexual
etc., entre nossas fronteiras há um amalgama de valores compartilhados e que se
formaram do entrelaçamento e comunhão de relações sociais de povos distintos
que causaram a princípio, um choque e estranhamento para em seguida, iniciar
uma busca por alinhamentos, afinidades e apaziguamentos. As instituições e costumes escrevem a história
de um perfil plural e ao mesmo tempo hegemônico quando se refere à
nacionalidade. No entanto as transformações econômicas, políticas e
tecnológicas são uma ameaça constante à preservação de certos costumes e
tradições. Hoje ao que parece está mais difícil de garantir uma cultura
uniforme, cristalizada, como desejam os mais conservadores mesmo porque, a
velocidade das mudanças no mundo globalizado pressiona por novas e outras
possibilidades. A transculturação é permanente e irreversível e ela ocorre entre
os grupos e entre indivíduos, a colonização externa e interna impondo as
diferenças, mas também os modismos. A globalização impõe principalmente os bens
de consumo e acelera o intercâmbio das ideias nas artes e costumes. Um país
como o Brasil de formação recente vira um “balaio de gatos órfãos” sem a
presença assertiva do Estado. Sem acesso ao aprendizado básico atualizado,
criam-se bolsões estagnados que realçam uma perda da identidade coletiva e até
individual. A certificação do terceiro mundo e a imersão num modernismo
próspero trava um duelo de titãs. O terceiro milênio espera uma resposta
positiva de uma nação intrigante e ao mesmo tempo fascinante como é o Brasil. É
com o idioma e a religião predominantes de um país que vamos obter os elementos
culturais que diferenciam as sociedades espalhadas pelo mundo. Os humanos
através desses mecanismos de comunicação relacionam-se afetiva e
ideologicamente entre grupos ou fora deles. A babel do planeta reúne
aproximadamente três mil línguas e sete mil dialetos. Imagina-se aí a loucura!
Mas as seis mais faladas representam um terço do total da população mundial.
Pela ordem são as mais faladas: mandarim, inglês, hindi, espanhol, bengali e a
nossa “Última flor do Lácio” dos versos parnasianos de Olavo Bilac. (1865 –
1918). Peço aqui uma licença poética para citar trecho do Soneto "Língua Portuguesa".
“Última
flor do Lácio, inculta e bela, és a um tempo, esplendor e sepultura: Ouro
nativo, que na ganga impura, a bruta mina entre os cascalhos vela...”
Somos
cerca de 191 milhões de lusófonos em todo planeta. Entretanto a língua que
possui maior destaque é o inglês, pois é bastante difundido nos veículos de
comunicação de escala internacional (revistas, jornais, filmes, músicas e internet).
Há que se evitar excessos de estrangeirismos na cultura nativa. O preço que se
paga é caro com prejuízo nas tradições que devem ser conservadas e a adição de
muitas outras “novidades” que em longo prazo causam dolo. O intercâmbio é uma
via de duas mãos e quando ocorre aculturação de um grupo social é porque não
houve intercâmbio. O ideal é a depuração
daquilo que é melhor para o ser humano sem rupturas bruscas dos princípios
básicos do tecido social que leve a uma degeneração. A religião também
desenvolve as características de um povo, pois através dela é possível que um
povo apresente sua fé, sua crença e seus costumes. Dentre todas as religiões
praticadas no mundo, as que possuem maior número de seguidores são:
cristianismo, com 2 bilhões de seguidores; islamismo, com 1,2 bilhão;
hinduísmo, com 811 milhões; e o budismo, com 360 milhões de pessoas. O Brasil deve aos povos indígenas, à colonização
promovida pelos portugueses e aos africanos a sua base cultural, somando-se
mais tarde os imigrantes italianos, alemães e em menor escala os espanhóis,
japoneses, árabes, poloneses e outros. Influências nos caracteres emocionais,
usos e costumes, nas artes, em diversas intensidades e diferentes graus foram
espalhados em todo território nacional. Formaram uma mescla de traços ora mais
europeizada ora mais indígena ou africana. Quando
a letra da canção do Renato Russo diz: Que país é esse? Gostaria que a
indagação provoca-se um rompante no inconsciente coletivo que busca os sentidos
e as “sentimentalidades” expressão pinçada do livro Primo Basílio – Eça de
Queirós, com os quais possamos nos identificar.
São Paulo/Maio
de 2014 Dorinho Marques dorinhomarques@yahoo.com.br
O SAMBA RURAL PAULISTA Foi na região centro-oeste de São Paulo, - séc. XVIII - que o Samba Rural se desenvolveu. Entre o final do séc. XIX e início do séc. XX se expandiu ao sul de Minas Gerais e à região metropolitana da capital paulista. No sudeste ele foi ligado ao lazer da atividade cafeeira. Com o fim do ciclo do café, a abolição e o êxodo rural, as populações de afrodescendentes vieram a implantar o samba rural na capital paulista e arredores. Festas religiosas, como as de São João, Santo Reis, Nossa Senhora Aparecida, Bom Jesus e São Benedito antecediam os encontros de grupos de samba de diversas localidades e eram divididas entre brancos e negros caipiras. Rezas, ritos, comes e bebes e muito samba. Segundo as pesquisas de Mário de Andrade , os grupos, associações, cordões, ranchos que vieram a se organizar numa entidade, tiveram uma figura central, um chefe, o dono-do-samba. "Os homens tocam seus instrumentos de percussão onde o bumbo predomina, vão se r...
SEBASTIÃO EDUARDO AMARAL Primeiramente é com muita honra que escrevo um sentimento sobre a pessoa do Sr. Sebastião Eduardo Amaral – codinome Pé Rachado – que o povo do Samba aprendeu a respeitar. Quem teve o privilégio de conviver com ele na atividade que mais apreciava - o Samba puro e verdadeiro – e que assistiu sua determinação e disciplina na defesa da sua cultura nos inúmeros desfiles ora comandando a batucada, ora liderando a harmonia da escola sabe do que eu estou falando. O mestre Pé Rachado tornou-se uma lenda e não foi por acaso. A nova geração tem agora nesta celebração do centenário do seu nascimento a oportunidade de conhecer e compreender a dimensão da importância de homens como o Sr. Sebastião para a preservação da cultura negra e das raízes do Samba. Teve sua juventude formada entre as Congadas lá das minas gerais, chegou a São Paulo e se fixou no Bixiga onde atuou primeiro como ritmista, a seguir, harmonia até ser consagrado como presidente do cordão V...
Algumas pessoas que conhecemos pela vida afora são personalidades marcantes e inesquecíveis... Assim foi com a Thereza Santos - (1930-2012). Seu nome de batismo era Jaci dos Santos, uma mulher carioca, professora, educadora, atriz, teatróloga, carnavalesca, militante política, ativista engajada nas causas do povo negro. Conheci-a num ensaio de escola de samba na década de 1980. Era muito exigente nos cuidados de cada detalhe de um desfile, mas principalmente defensora dos valores e preceitos e fundamentos do Samba. Escrevia enredos, participava da montagem, ajudava a definir o melhor samba, ensaiava a comissão de frente entre outras atividades e com conhecimento de causa. Algumas das nossas principais escolas tiveram sua ajuda – Camisa Verde, Peruche, Rosas de Ouro, X9 Paulistana, Mocidade Alegre e outras mais. Quis o destino, depois de alguns anos, de eu ter a oportunidade de conviver alguns meses trabalhando em parceria na realização de um carnaval para a Barroca Zona ...
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