TUDO MUITO JUNTO E MISTURADO



A identidade cultural do povo brasileiro tem um caráter complexo e antropofágico. Influenciada por questões sobre: idioma, religião, etnia, orientação sexual etc., entre nossas fronteiras há um amalgama de valores compartilhados e que se formaram do entrelaçamento e comunhão de relações sociais de povos distintos que causaram a princípio, um choque e estranhamento para em seguida, iniciar uma busca por alinhamentos, afinidades e apaziguamentos.  As instituições e costumes escrevem a história de um perfil plural e ao mesmo tempo hegemônico quando se refere à nacionalidade. No entanto as transformações econômicas, políticas e tecnológicas são uma ameaça constante à preservação de certos costumes e tradições. Hoje ao que parece está mais difícil de garantir uma cultura uniforme, cristalizada, como desejam os mais conservadores mesmo porque, a velocidade das mudanças no mundo globalizado pressiona por novas e outras possibilidades. A transculturação é permanente e irreversível e ela ocorre entre os grupos e entre indivíduos, a colonização externa e interna impondo as diferenças, mas também os modismos. A globalização impõe principalmente os bens de consumo e acelera o intercâmbio das ideias nas artes e costumes. Um país como o Brasil de formação recente vira um “balaio de gatos órfãos” sem a presença assertiva do Estado. Sem acesso ao aprendizado básico atualizado, criam-se bolsões estagnados que realçam uma perda da identidade coletiva e até individual. A certificação do terceiro mundo e a imersão num modernismo próspero trava um duelo de titãs. O terceiro milênio espera uma resposta positiva de uma nação intrigante e ao mesmo tempo fascinante como é o Brasil. É com o idioma e a religião predominantes de um país que vamos obter os elementos culturais que diferenciam as sociedades espalhadas pelo mundo. Os humanos através desses mecanismos de comunicação relacionam-se afetiva e ideologicamente entre grupos ou fora deles. A babel do planeta reúne aproximadamente três mil línguas e sete mil dialetos. Imagina-se aí a loucura! Mas as seis mais faladas representam um terço do total da população mundial. Pela ordem são as mais faladas: mandarim, inglês, hindi, espanhol, bengali e a nossa “Última flor do Lácio” dos versos parnasianos de Olavo Bilac. (1865 – 1918). Peço aqui uma licença poética para citar trecho do Soneto "Língua Portuguesa".
“Última flor do Lácio, inculta e bela, és a um tempo, esplendor e sepultura: Ouro nativo, que na ganga impura, a bruta mina entre os cascalhos vela...”





Somos cerca de 191 milhões de lusófonos em todo planeta. Entretanto a língua que possui maior destaque é o inglês, pois é bastante difundido nos veículos de comunicação de escala internacional (revistas, jornais, filmes, músicas e internet). Há que se evitar excessos de estrangeirismos na cultura nativa. O preço que se paga é caro com prejuízo nas tradições que devem ser conservadas e a adição de muitas outras “novidades” que em longo prazo causam dolo. O intercâmbio é uma via de duas mãos e quando ocorre aculturação de um grupo social é porque não houve intercâmbio.  O ideal é a depuração daquilo que é melhor para o ser humano sem rupturas bruscas dos princípios básicos do tecido social que leve a uma degeneração. A religião também desenvolve as características de um povo, pois através dela é possível que um povo apresente sua fé, sua crença e seus costumes. Dentre todas as religiões praticadas no mundo, as que possuem maior número de seguidores são: cristianismo, com 2 bilhões de seguidores; islamismo, com 1,2 bilhão; hinduísmo, com 811 milhões; e o budismo, com 360 milhões de pessoas. O Brasil deve aos povos indígenas, à colonização promovida pelos portugueses e aos africanos a sua base cultural, somando-se mais tarde os imigrantes italianos, alemães e em menor escala os espanhóis, japoneses, árabes, poloneses e outros. Influências nos caracteres emocionais, usos e costumes, nas artes, em diversas intensidades e diferentes graus foram espalhados em todo território nacional. Formaram uma mescla de traços ora mais europeizada ora mais indígena ou africana. Quando a letra da canção do Renato Russo diz: Que país é esse? Gostaria que a indagação provoca-se um rompante no inconsciente coletivo que busca os sentidos e as “sentimentalidades” expressão pinçada do livro Primo Basílio – Eça de Queirós, com os quais possamos nos identificar.   



                São Paulo/Maio de 2014
                              Dorinho Marques
                   dorinhomarques@yahoo.com.br
                                                                                                








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