TUDO COMO DANTES NO QUARTEL DE ABRANTES.



Futebol é fenômeno global. É jogado em todos os cantos e campos do planeta. Nos verdes gramados na terra ou areia. Amador ou profissional é um esporte democrático e universal. Apesar de existirem pessoas indiferentes que não entendem todo o apelo dessa popularidade o futebol não para de crescer.  Neste início de mês, o brasileiro vestirá o manto verde, amarelo, azul e branco! Entra em campo a 20ª edição da Copa do Mundo monopolizando todas as atenções. Através do futebol milhares expressarão suas aspirações, uma seleção vencedora além de levantar a moral poderá trazer novas esperanças. Então, pelo menos por alguns dias, o assunto principal gira em torno da Rainha Gorduchinha ou como quer a CBF, da oficial Brazuca.  No entanto essa nuvem de ânimo esportivo não debela a dengue, o aedes aegypy não está nem aí para o Felipão e seus pupilos. Segundo dados na cidade de São Paulo de janeiro até agora o número de casos de dengue registrados passou de 5 mil, quase o dobro de todo o ano passado. Cientistas alertam que há riscos de uma epidemia de dengue durante a Copa do Mundo em pelo menos três das doze cidades-sede brasileiras. Vamos torcer pelas autoridades sanitárias defenderem esse pênalti! Quanto à queda no volume de água do sistema Cantareira não será uma “chuva” de gols nos estádios arenas multiuso que poderá nos livrar da utilização do sinistro “volume morto” - água que está abaixo dos sistemas de captação dos reservatórios do Cantareira -. Técnicos e autoridades continuarão rezando pra chover, sendo o mês de maio um dos mais secos da história do sistema, enquanto a população passará por momentos apreensivos esperando que a Mãe Natureza tenha piedade e não resolva abastecer com temporais e inundar esta combalida cidade de uma só vez. Um dos antídotos contra a violência nas ruas durante a realização do grande evento certamente será a população participando, torcendo, tentando levar otimismo e confiança para que a seleção brasileira conquiste o hexa. Teremos um imenso coro entoando uma canção eleita pelo povo para celebrar as vitórias (e desejamos vencer)!  Seria bom se a Copa contribui-se para diminuir os alarmantes e elevados índices das várias modalidades de violência do nosso país. Quando você for pedir “um café para dois” no próximo Dia dos Namorados lembre-se que contará com a participação inusitada de um grande contingente de turistas nos lugares frequentados para a troca de beijos, presentes e promessas e talvez possam as pessoas reavivar o conceito de paz e confraternização para que o mundo torne-se um lugar melhor para viver.  Enfim um baile de bola distrai, mas cabe ao cidadão ditar o ritmo da dança para que quando a festa acabar, não continue tudo como dantes no quartel de Abrantes. Lembrarei agora algumas canções que embalaram a torcida brasileira. Algumas delas foram emblemáticas espelhando o espirito otimista e o caráter nacionalista da seleção. Hoje em dia, devido ao hiperprofissionalismo e internacionalização dos jogadores a pátria de chuteiras arrefeceu. Mas para os mais apaixonados e que colecionam figurinhas e vestem de fato a camisa é importante eleger um “hino” que represente o momento e abrilhante as partidas da seleção.No ano de 1958 o Brasil ergueu a Jules Rimet pela primeira vez e o os versos lembrado até os dias de hoje foi: A Taça do Mundo é Nossa “A taça do mundo é nossa, com brasileiro não há quem possa, e eta esquadrão de ouro, é bom no samba, é bom no couro”.  Os autores da marchinha: Wagner Maugeri / Maugeri Sobrinho / Vitor Dagô / Lauro Müller

 

Veio o Bi em 1962 e um delicioso frevo cantado por Jackson do Pandeiro foi a trilha sonora. Braz Marques e Diógenes Bezerra compuseram este "Frevo do Bi". “Vocês vão ver como é, Didi, Garrincha e Pelé, dando o seu baile de bola”.

 

Tivemos a Copa de 1966 de péssimas lembranças e quatro anos depois em 1970, o glorioso tricampeonato em terras mexicanas que teve uma marcha empolgante – Pra Frente Brasil – de Miguel Gustavo. “90 milhões em ação, prá frente Brasil do meu coração, todos juntos vamos pra frente Brasil, salve a seleção”. A ditadura militar aproveitou o embalo e injetou ufanismo na veia da massa.  


Daí veio um jejum até a conquista do tetra em 1994. O refrão da marcha cantada pela torcida brasileira foi Coração Verde e Amarelo, de Tavito e Aldir Blanc “Eu sei que vou, vou do jeito que eu sei, de gol em gol, com direito a replay, eu sei que vou com o coração batendo a mil, é taça na raça Brasil”. 

 

Quando da conquista do penta campeonato no ano de 2002, apesar de várias canções candidatas a “hino” a música que emplacou com a seleção foi um samba de autoria de Serginho Meriti e Ari do Cais cantada por Zeca Pagodinho que era cantada pelos jogadores na concentração e que motivou a conquista naquele ano e dizia no refrão “Deixa a vida me levar, vida leva eu...”

 

E agora passados 12 anos aguardamos uma sexta estrela, brilhante e musical que brindará esta conturbada Copa disputada em território nacional e que por isso remete os mais antigos ao gosto amargo daquele gol aos 79 minutos quando Ghiggia virou o placar para os uruguaios e calou o Maracanã naquela fatídica final do jogo Brasil e Uruguai em 1950. Esperamos que desta vez a história seja outra. Por essa e por outras é que não dá para torcer contra.


                                            
São Paulo/Junho de 2014 
 Dorinho Marques
dorinhomarques@yahoo.com.br









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