A SEXTA ESTRELA APAGOU.

A realização da Copa do Mundo no Brasil inseriu o povo brasileiro no programa de felicidade instantânea em sete partidas. Deitado em berço esplendido nos verdes gramados das reluzentes arenas, milhares de seletos torcedores e outros tantos tele torcedores, sonharam acordar hexa campeões e voltarem a sua rotina com o orgulho de ostentar a sexta estrela na camisa amarela. Lembro nestes versos o roqueiro Raul Seixas que inspirado numa fábula chinesa cantou o Conto do Sábio Chinês.

 
“Era uma vez um sábio chinês que um dia sonhou que era uma borboleta...” Esta poderia ser a canção de todos nós para quem sabe descobrirmos como é o resultado da transformação das coisas. Leia a fábula e reflita - O Sonho de Zhuangzi. Uma vez, ao pôr do sol, Zhuangzi cochilava debaixo de uma árvore quando sonhou que havia se transformado numa borboleta. Ele bateu asas, certo de que era uma borboleta... Esvoaçou aqui e ali com tal regozijo que logo esqueceu de que era Zhuangzi. E ficou confuso: era essa a magnifica borboleta que Zhuangzi havia sonhado, ou era essa borboleta que havia sonhado ser Zhuangzi? Talvez Zhuangzi fosse a borboleta! Ou talvez a borboleta fosse Zhuangzi! - Assim, vamos deixando para trás o sonho do hexa. Como disse certa vez John Lennon: O sonho acabou! E nosso Gilberto Gil emendou: Quem não dormiu no sleeping-bag nem sequer sonhou... E foi pesado o sonho pra quem não sonhou...

 
Não deu, ainda não foi desta vez... O quinto passo tropeçou feio! A galera ficou pasma, como assim? A mídia insistia: Eu Acredito! O hino à capela, a comissão técnica transmitia confiança e dizia que "estamos no caminho certo". Mas os mais atentos desconfiavam. A seleção canarinho não tinha um bom elenco, o esquema tático era o velho bumba meu boi e alguns jogadores estavam mais perdidos que cego em tiroteio. Começamos a indagar: - Como enfrentaríamos a Alemanha tão organizada agora que o guerreiro Neymar foi "abatido" na batalha contra os colombianos? A tragédia anunciada foi desenhada só não viu quem não ligou o desconfiômetro e embarcou na canoa ufanista do Galvão e Cia. Tentaram um bordão "Todos por Neymar". a deficiente seleção canarinho iria superar-se. Pois é, deu no que deu: a pior derrota da história! Sete a um, conta de mentiroso. Como diz a malandragem... A casa caiu! Felipão e Parreira são treinadores ultrapassados. Condiz com a mentalidade de muitos "brasileiros" que sempre querem a volta ao passado. Faz tempo que a seleção brasileira não apresenta o futebol arte que a tornou especial, a responsabilidade maior é da sofrível CBF que arma e desarma comissões técnicas, porém mantendo suas arcaicas bases. A convocação de maioria “estrangeira” que “descola” a seleção dos torcedores brasileiros, os promotores da Copa que pouparam a seleção de críticas mais contundentes no início dos preparativos e que resultaram numa espécie de soberba da equipe técnica que mentia quando dizia que estava tudo bem. A derrota de 50 foi triste, pois era uma final em que o Brasil era dado como campeão, em 66 e 90 o Brasil fez feio, outras o Brasil frustrou o torcedor, mas nunca o time brasileiro fora tão humilhado como nesses 7 X 1 do jogo com os alemães. Se o Brasil quiser reaver algum respeito futebolístico no cenário mundial tem que mudar tudo e a mudança tem que começar pela CBF. Bem deixemos de lado o fiasco coletivo, teremos ainda fortes emoções este ano, principalmente na esfera política com eleições majoritárias. Por hora só nos resta evocar os versos do samba do genial Paulo Vanzolini “Levanta, sacode a poeira e dá volta por cima”.

 
                                                                                Julho/2014
                          dorinhomarques@yahoo.com.br
                                       Dorinho Marques


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